quarta-feira, 13 de maio de 2009

Língua de loucos


Nos tempos antigos, não existia diferença entre ser artista ou artesão. Era preciso conhecer a técnica e possuir as ferramentas para confeccionar os artefatos necessários para a comunidade. A cultura de cada sociedade era seu conjunto de conhecimentos e produções, além de seus hábitos e crenças, passados de geração à geração.

Tendo essa noção, passemos a comentar uma era menos remota e mais familiar a todos.

"Os tempos modernos", que foram eternizados por Charles Chaplin em um dos primeiros filmes da hitória.

Depois da invenção das máquinas, o artista passa a se preocupar com questões além do "saber fazer". As expressões artísticas deixam de ser essencialmente funcionais para servir à sociedade em si, mais especificamente, à elite social: seja ela econômica ou intelectual.

A palavra cultura é cada vez mais empregada para denominar a cultura padrão, desejada, a própria cultura elitista. Esse fato é comprovado com uma afirmação corriqueira de algum indivíduo: "Aquele outro não tem cultura".

Afirmo, convicta, então: A Revolução Científico-Tecnológica mudou as relações dos homens entre si e com o mundo.

Se a sociedade está mudando, aquilo que ela produz também mudará. Posto que arte é linguagem, uma vez mudado o pensamento do interlocutor, a maneira de falar se altera por tabela.

sábado, 9 de maio de 2009

O momento que precede o beijo

Aqueles segundos em que as almas flutuam numa atmosfera de doce letargia. Se pudesse ser traduzida em cores, a sensação seria pêssego, azul e cor-de-rosa. Tal como o sol nascer. Cada movimento significa muito. Cada ciclo de inspiração e expiração parece uma eternidade. Nada te tira da concentração profunda, dos sentidos aguçados, do turbilhão de pensamentos que urge silenciado. Os corpos, suavemente congelados no pesado ar, mal se mexem. O único movimento é o da lenta aproximação, esperada, almejada aproximação!

As pálpebras sobem vagarosamente, mas a direção já está definida. Procuram as pálpebras alheias.
As pupilas se encontram. Íris, muito azuis e muito verdes, agora soam cinzas pela pouca iluminação.
É tímido o encontro dos olhos. Os dela voltam-se ao chão. Enrubesce. Sua tez corada não pode ser vista, porém. Não tarda a levantá-los novamente. O outro a fita com uma satisfação disfarçada. O ritmo se acelera. As batidas da emoção estão cada vez mais rápidas.
Agonia. Prazer. Medo?

Beijo.